Facebook

terça-feira, 12 de junho de 2012

Da flatulência...


"Da flatulência dos dinossauros" podia ser o nome pomposo de um tratado com centenas de páginas, assinado por cientistas de renome. Os dinossauros, dizem eles, contribuíram para o aquecimento global graças à sua enorme capacidade para produzir gases. Ora, não é preciso ser cientista, nem sequer nenhuma espécie de génio, para perceber que o que se passou há vários milhões de anos continua a repetir-se nos dias de hoje, embora os dinossauros sejam em quantidade muito mais escassa. Apesar de tudo, há um dinossauro, o Madaleno Corruptossaurus, que não se exime à emissão de qualquer coisa como 520 milhões de toneladas de gases por ano, com a particularidade de o fazer não apenas pela via natural utilizada pelos seus antepassados lá do Mesozóico, como igualmente pela boca de cada vez que a inconsciência lhe ordena que solte as suas jumentadas.
O fedor que solta é hediondo e, ainda assim, há quem se deleite na absorção de metano. O Copiador-de-Livros-Alheios solta boçalidades de contentamento; o Baladeiro-de-Tiques-Estranhos ensaia um dó de peito de meter dó; o Merceeiro-Aldrabão esvoaça nas suas asas aborboletadas. Só não entendem que o Dinossauro Cretiníssimo está nas vascas de agonia. O chulé que exala pelas narinas, a cada dolorosa contração dos pulmões, provém de um cérebro caliginoso e pútrido; as palavras entarameladas que balbucia, aqui e além procurando uma rima popularucha, são inescrutáveis de tão estúpidas. Mas, indiferente, a corte de sabujos roja-se beijando o chão que ele pisa. Os Homenzinhos-de-cócoras precipitam-se submissos a cada flato desses Madalenus Corruptosaurus que ameaça infetar com a sua composição todos aqueles que o rodeiam. Bajulam- no felizes, na sua condição de vermes, à espera de uma recompensa de flausinas baratas. E assim se extinguirão todos, para nosso alivio, encerrados nesse microcosmo tinhoso atacado pelo efeito de estufa podre.


Fonte: Jornal O Benfica

Sem comentários:

Enviar um comentário