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sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Benfica-Bayer Leverkusen, 2-1 (crónica)

Benfica-Bayer Leverkusen [Foto: Nuno Alexandre Jorge]

Duas equipas de ataque tentaram um jogo contranatura. Estiveram assim até que o génio de Ola John desatou o nó. No final, com sorte em momentos decisivos, seguiu em frente o Benfica, caiu o Bayer Leverkusen. Como em 1994, mas sem aquela emoção.

A primeira parte teve quarto lances. Aos doze minutos Kiessling rematou ao poste. Aconteceu no período de domínio do Bayer, do apito inicial até este instante. Com três homens no meio-campo, a equipa do Benfica demorou a aconchegar-se, como alguém a quem mudam de posição o sofá de sala. Martins aparecia à frente de Matic e Pérez, mas estava a resultar menos perfeito do que no quadro tático de Jesus. A bola entrava do lateral para os médios alemães e daí chegava com alegria aos alas. Simples.

Quando finalmente teve um pouco de Matic e Pérez, o Benfica passou a conseguir circular a bola. O pior era ali à frente. Ola John, talvez o jogador do Benfica com mais espaço, desperdiçou quase todas as bolas de que dispôs. Cardozo oferecia pouco ao jogo, por isso o mais parecido com perigo (o segundo dos quatro lances) saiu dos pés de André Almeida e acabou na cabeça de Gaitan. O golpe foi à figura de Leno, aos 16 minutos.

O que sucedeu entre isto e os 38 minutos não merece registo. Foi então que Carvajal, o lateral direito, encontrou Schurrle na área. Artur defendeu. O Bayer tinha reaparecido perto da baliza do brasileiro, após quase vinte minutos de ausência devido ao bom controlo do meio-campo do Benfica.

Na verdade, o jogo estava a ser engraçado sobretudo para quem gosta de grandes combates táticos, jogadores que impedem as investidas do adversário só por estarem bem colocados. Tivemos muito disso, nada daquela loucura de 1994. Correção na hora de escolher o terreno a pisar quando a bola se passa para o inimigo. Quase nenhum risco, movimentações apenas calculadas.

No meio deste cenário, o quarto lance de que vale a pena falar. Schurrle sobre a esquerda, remate, ainda fora da área, outra vez o melhor amigo de Artur, o poste. Intervalo. Os benfiquistas tinham assistido a 45 minutos de algo a que não estão habituados: uma equipa que tenta antes de tudo controlar o adversário, manter-se segura, conservadora. Com sorte, sem prejuízos. Apenas preocupação.

Kiessling marcou logo no regresso, mas o auxiliar anulou. No limite, mas boa decisão. Na origem do lance jogada espantosa de Carvajal, o lateral direito. Carlos Martins sentiu uma dor e saiu. Pena por mais uma lesão. Mas bom para o Benfica. Gaitan passou para o meio, Ola John foi para a esquerda, Salvio ocupou a direita. O Benfica ficou menos em versão vamos lá ver se controlamos isto e mais preparado para aproveitar em velocidade uma bola que os alemães perdessem no sítio errado.

Isto era na teoria. Na prática não teve nada a ver. Ola John escolheu um caminho menos provável, genial. Pegou na bola sobre a esquerda, retirou dois adversários da frente e rematou como nos filmes, ao poste mais distante. Que golo. Logo a seguir Jesus trocou Cardozo (num daqueles dias...) por Lima e apostou ainda mais na velocidade. Mas a história não ficou escrita ali. Com espaço, Ola John ofereceu o 2-0 a Salvio. O argentino rematou por cima, na pequena área. Na resposta, sustenham a respiração, golo do Bayer. Schurrle. Mas nem deu para a Luz tremer, o jogo estava desatado, ninguém parava. Bola longa, os alemães sobem, Lima fica. Está legal. Domina sobre a direita, dá um passo, levanta a cabeça e, grande jogador, oferece a Matic. O sérvio embalado remata de cabeça, cruzado. 2-1. O Bayer atacava com tudo, Ola John e Lima estavam eufóricos. Salvio falhou outra vez um golo certo. Gritava-se, sofria-se. Uma pequena amostra da outra noite, a dos 4-4. Finalmente um pouco disso. Só um pouco. Na verdade, foi por caminhos diferentes que a história encontrou o fim de 94: passou o Benfica.

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